Oficiais desta cidade do sul da Espanha honraram a memória do missionário adventista pioneiro do país, um dos vários mártires da liberdade religiosa e democracia do início do século 20, cujos túmulos foram mais tarde profanados.
Em 1914, Walter Bond, um missionário dos Estados Unidos, morreu aos 35 anos, supostamente envenenado por pregar os ensinamentos adventistas.
O nome de Bond foi adicionado ao Muro de Honra de Baeza no mês passado durante uma cerimônia que incluíu o prefeito, autoridades municipais e líderes da Igreja Adventista.
"Muitos dos defensores da liberdade de consciência durante este tempo, considerados inimigos do Estado, foram tratados de modo igual", disse Pedro Torres Martinez, diretor de comunicação da Igreja Adventista na Espanha.
Em alguma ocasião entre 1943 e 1945, o túmulo de Bond foi profanado e seus ossos levados. "Durante esse período da história espanhola, muitos túmulos dos 'inimigos do Estado' -- incluindo os defensores da democracia, ou que não professavam a fé católica -- foram igualmente profanados, com a idéia de que a sua memória seria apagada para sempre", disse Martinez.
Bond casou-se com Leola Gerow em 12 de novembro de 1902. Pouco tempo depois, Walter, Leola e Frank viajaram para a Espanha para atuar como missionários. Eles chegaram em Barcelona em 22 de junho de 1903. Em junho de 1904 batizou os três primeiros conversos locais. Muitos outros se seguiram e, posteriormente, criaram a primeira congregação adventista na Espanha. Em 1905, Bond se tornou o líder da missão espanhola.
Um dos primeiros membros locais, Lope de San Nicolas, também se tornou um missionário bem-sucedido. Lope despertou grande interesse pelo evangelho na pequena cidade de Baeza, localizada a cerca de 460 quilômetros a sudoeste de Barcelona. Lope convidou Bond para apresentar uma série de palestras sobre a Bíblia lá.
Em 13 de outubro de 1914, Bond chegou em Baeza para conduzir a campanha de pregação. Em 1o. de novembro, uma mensagem telegráfica foi enviada para o irmão de Walter, Frank, afirmando que Walter estava prestes a morrer. Frank Leola e correram para o seu lado.
Jesús Calvo, à esquerda, presidente da Igreja Adventista na Espanha, apresenta uma carta dos descendnetes de Walter Bond ao prefeito Baeza, Leocaido Marín.
Bond morreu em 12 de novembro aos 35 anos. Um médico disse a Leola que o seu marido tinha sido envenenado. Em seu leito de morte Bond disse, "Eu perdôo meus assassinos". Ele foi enterrado no cemitério de Baeza. Dois meses depois, sua viúva, grávida e três filhos voltaram para os Estados Unidos.
Nos últimos anos, autoridades da cidade de Baeza restauraram os monumentos em memória daqueles que outrora estiveram contra o regime totalitário ou eram considerados uma "desgraça" para a Espanha. A placa homenageando Walter Bond aparece agora no cemitério de Baeza.
O prefeito de Baeza, D. Leocadio Marín, e um oficial da cidade presidiram a cerimônia. A Igreja Adventista foi representada pelo presidente da Igreja na Espanha, Jesús Calvo, o ex-diretor dos arquivos históricos da Igreja na Espanha e organizador do evento, Andrés Tejel, e outros pastores e inúmeros membros da Igreja. O representante da Igreja na região da Euro-África, Roberto Bádenas, descerrou uma placa comemorativa.
Para concluir a cerimônia, Calvo, presidente da Igreja Adventista na Espanha, leu uma carta de descendentes de Bond agora vivendo nos Estados Unidos, e a assembléia cantou seu hino preferido "Nós nos reuniremos junto ao rio".
O evento foi amplamente divulgado pela mídia local e recebeu cobertura da Rádio Pública Nacional da Espanha.
O trabalho pioneiro de James Bond, que não só lhe custou a vida, mas também trouxe a profanação de seu túmulo, não foi sem sucesso final. Hoje existem mais de 15.000 adventistas na Espanha, e muitos oficiais governamentais consideram o movimento com simpatia, informaram líderes da Igreja local.
17 Jun 2010, Baeza, Andalusia, Spain
ANN staff
-- com reportagem de Pedro Torres Martinez
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