O presidente da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia mais tarde seguirá para um reunião, algo que prefere manter breve. Mais tempo para realizar coisas, ele diz, explicando a cultura sul-americana de praticalidade sobre teoria.
Nos últimos anos, os líderes na América do Sul implementaram uma variedade de iniciativas de evangelismo -- desde reuniões semanais de pequenos grupos até projetos abrangendo todo o continente anunciados em revistas e cartazes de rua, com alguns membros até cobrindo os seus carros com anúncios.
A América do Sul perdeu aproximadamente 14 por cento de sua membresia após uma auditoria de mebresia por toda a divisão de 2007 a 2009. Entretanto, a região abriga um dos índices de crescimento mais rápidos dentre as 13 divisões mundiais da Igreja. Os índices de batismo são de 8 por cento, e dirigentes na sede mundial dizem que esses dados são sólidos. A membresia atual da divisão totaliza aproximadamente 2,25 milhões de fieis.
Kohler, de 41 anos, ex-diretor de jovens, é originalmente do Estado do Rio Grande do Sul. Numa recente segunda-feira, em São Paulo, ele encontrou-se com a RAN para falar sobre algumas questões da denominação na América do Sul. Ele discutiu crescimento de igreja, estratégia de missão e como inspirar membros por todo o continente a pensar grande.
Embora o seu inglês seja melhor do que ele se dá crédito, a RAN concedeu o seu pedido de editar os trechos da entrevista seguintes para maior clareza.
Rede Adventista de Notícias: Algumas divisões estão experimentando colocar gente jovem na Comissão Executiva. Há representação de jovens na Comissão Executiva da América do Sul?
Erton Köhler: Na última [assembleia mundial da Igreja Adventista] não tivemos um único delegado com menos de 30 anos. Isto mostra que, apesar de haver muitas pessoas jovens ativas, muitos pastores e administradores jovens, ainda temos de envolver mais a nossa juventude nas decisões administrativas da Igreja. Para a próxima Assembleia teremos várias pessoas jovens como delegados e esperamos que façam parte da composição de nossa comissão administrativa durante os próximos cinco anos.
RAN: Esta divisão tem um compromisso significativo com os meios de comunicação. Isto está modificando a vida adventista? Há uma inclinação de que os membros assistam à Igreja em casa pela TV em vez de encontrar-se em conjunto?
Köhler: [a TV] não afetou, ou diminuiu a frequência a nossas igrejas. Ao contrário, foi um instrumento para estimular as pessoas a procurarem nossas igrejas. Os nossos membros terminam beneficiados porque ele têm programas de qualidade e reforço espiritual para seguir no rádio, televisão ou Web durante a semana. Isto fortalece a sua vida espiritual. Mais do que isto, seguem os movimentos da Igreja e estão envolvidos em projetos missionários, que fortalecem a ligação com a Igreja.
RAN: Os papéis de gênero são possivelmente mais definidos na América do Sul do que, digamos, na América Norte. Mas se somos todos iguais diante de Deus, o que dizer diante do tesoureiro? Um homem e uma mulher que realizam trabalho semelhante aqui recebem pagamentos e benefícios iguais se estiverem trabalhando para a Igreja ou no centro de mídia ou numa instituição educacional?
Köhler: Bem, para dar-lhe somente uma visão geral, vivemos numa sociedade aqui que tem uma diferença forte entre um homem e uma mulher. Esta é uma questão cultural forte na América do Sul. Estamos pagando a homens e mulheres o mesmo salário. A diferença é que se você tiver um homem ou ummulher que seja um obreiro(a) de tempo integral o homem recebe mais benefícios do que a mulher. Sei que na América do Norte é bem diferente. Aqui, o homem é a base da família. Se oferecermos a segurança social ou um programa de saúde para o homem, oferecemos os mesmos benefícios para os filhos e sua esposa. Se uma mulher for obreira bíblica de tempo integral ela receberá benefícios para si, mas não para a família, porque reconhecemos que o marido é o cabeça da família e ele tem de fornecer a base financeira. Mas o salário é o mesmo.
RAN: Quão eficazes são os projetos grandes, de um dia, coordenados através do continente?
Köhler: Para nós não é um dia, é um estilo de vida. Mas temos de encontrar um dia para unificar todo o mundo para colaborar e desafiar a Igreja a fazer o mesmo. Se pudermos fazer algo em conjunto podemos fazer grandes coisas. O resultado é que o nosso povo está pensando grande. Compartilhamos 20 milhões de revistas "Viva com Esperança" e outra publicação convidando membros de comunidade para as nossas casas -- "Casas da Esperança". Hoje, se você visita diferentes uniões, elas têm grandes projetos que estão realizando por lá. Verá que elas começaram a pensar grande também.
RAN: Qual é a composição da membresia da Igreja e patrimônio por país na sua divisão?
Köhler: Somente para dar-lhe uma mais perspectiva ampla da nossa situação, a Divisão Sul-Americana compõe-se principalmente de duas línguas -- português e espanhol, oito países e mais de 2 milhões de adventistas. Aproximadamente 800.000 adventists estão nos sete países que falam espanhol e os outros estão no Brasil, servindo a aproximadamente 1,2 milhão de membros. Os dízimos da Igreja estão concentrados em 82 por cento no Brasil e 18 por cento pelos outros sete países no nosso território.
RAN: Muita gente está se unindo à Igreja no norte -- mais de 40.000 pessoas por ano. Parece que amiúde a Igreja está alcançando a classe mais baixa. Como pode conseguir alcançar todos os níveis socioeconômicos da sociedade?
Köhler: A região Norte do Brasil costumava ser onde a igreja crescia mais. Hoje, a região do nordeste brasileiro é a de maior crescimento. Eu diria que no Norte e Nordeste o nosso crescimento maior vem de áreas urbanas em vez de rural. Essas áreas são também as regiões mais pobres do Brasil. Por isso a Igreja cresce mais entre as pessoas mais pobres do que entre as mais ricas. Mas também estamos tentando alcançar pessoas de nível socioeconômico mais elevado mediante diferentes atividades. A estratégia de pequenos grupos e amizade tem funcionado melhor do que métodos anteriores. Também estamos tentando abrir novas igrejas em melhores vizinhanças das cidades. Também temos igrejas em alguns lugares do Brasil principalmente projetadas para culturas de classe alta. Costumávamos batizar poucas pessoas de um nível social mais elevado, mas isto se tem modificado nos últimos anos.
RAN: Como equilibra governo e necessidades administrativas de pequenos países? Há igualdade na administração da Divisão Sul-Americana?
Köhler: Nossa equipe distribui o seu tempo igualmente entre todas as regiões locais, tentando conceder tanta atenção aos pequenos países quanto ao maiores. Também mantemos o princípio de que tudo que é produzido numa língua tem de ser produzido na outra para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades. Mantemos reuniões frequentes com administradores de todas as Uniões e países, envolvendo-os no processo de planejamento, progresso e decisões. Temos o mesmo montante da participação e a sensação de que estamos todos juntos nos nossos projetos e desafios. Mais do que isto, estamos usando os nossos recursos financeiros estrategicamente, investindo nos países pequenos, procurando fortalecê-los e minimizar as diferenças.
RAN: A RAN uma vez visitou um pastor no nordeste brasileiro que trabalhava todos os dias da semana. É saudável que um pastor não tire um dia semanal de descanso?
Köhler: Recomendamos que tirem a segunda-feira para descansar. Pode dar-se que alguma emergência ocorra às segundas-feiras, pessoas morram ou casais tenham problemas. Mas não temos reuniões regularmente planejadas para as segundas-feiras, não temos normalmente concílios ou reuniões ou uma entrevista com o presidente de divisão segunda-feira porque estamos tentando respeitar este dia de descanso.
Ansel Oliver/ANN
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