quinta-feira, abril 29, 2010

A Diversidade da Mobilidade Moderna Pode Enriquecer a Igreja

Os adventistas têm levado o seu mandato de missão a sério e têm tido bastante êxito em levar a sua mensagem a todo o mundo.


Isto teve uma consequência que podemos não ter predito há meio século: as pessoas são mais móveis do que nunca. Vimos a migração ampla de antigas colônias às antigas nações colonizadoras; mas também milhões de buscadores de asilo e refugiados, e vastos números de trabalhadores migratórios indo viver em outro lugar. Isto, por sua vez, conduziu a um contínuo fluxo de recém-chegados, segundo membros da família vão se juntar àqueles que foram antes deles.


Este fenômeno afetou muito a vida da Igreja Adventista. O adventismo americano não só teve de enfrentar questões de integração entre americanos anglos e negros, mas cada vez mais também tem visto grandes contingents de latinos, pessoas do Oriente Médio, asiáticos e africanos unindo-se as suas fileiras e modificando a composição da Igreja.


Em muitos países europeus o efeito poderia ser mesmo mais dramático. A Igreja Adventista em países como Inglaterra e França modificou-se para sempre, e é agora basicamente de origem africana. Na Espanha, quase a metade da mebresia da Igreja vem da Romênia. Em um pequeno país como a Bélgica, a situação é provavelmente mais complexa do que em qualquer lugar, com um grande percentual de sua membresia agora composta de ruandeses, congoleses, romenos, russos e talvez uma dúzia de outros segmentos.


Vivi durante um número de anos na Grã-Bretanha e estou familiarizado com a história recente do adventismo naquele país, e também estive muito profundamente envolvido com a administração da Igreja nos Países Baixos. Cheguei a um número de conclusões e tentei contribuir para um processo que ajudaria a Igreja a aceitar produtiva e eficientemente a nova situação e utilizá-la como uma base de maior vigor.


Ninguém pode (ou deve) negar que a nova realidade cause problemas. Mas os líderes devem fazer o que podem para destacar que a chegada de tantos membros de outras terras também traz um potencial enorme. Em muitos lugares tem dado nova vitalidade a uma Igreja totalmente estagnada e descoroçoada.


A nova diversidade pode levar facilmente a uma luta negativa por influência, divisão ou uma competição perversa entre igrejas e pastores. A estereotipação de grupos leva ao preconceito e impede a abertura ao que os outros têm a oferecer.


Cheguei a crer que alguns elementos básicos nos ajudarão a apreciar a nova situação. Tem de haver uma convicção genuína de que a nova diversidade significa enriquecimento, e que a aprendizagem de uns com outros ajuda a Igreja a amadurecer. A diversidade não deve ser somente tolerada no sentido de conviver com o inevitável, mas tem de ser positivamente avaliada. Ao mesmo tempo deve haver bastante espaço para todos conservarem a sua identidade, na percepção de que as pessoas podem ter mais de uma identidade. Deve haver uma combinação de verdadeira unidade e de apreciação de determinadas expressões culturais que fazem muito parte da identidade de alguém.


O fato importante é que de qualquer maneira a Igreja encontra um modo de comunicar-se sobre as questões. As pessoas muitas vezes precisam de ajuda para compreender que as diferenças não são principalmente étnicas mas, antes, de caráter cultural. A diversidade em estilos de adoração, em graus da pontualidade, em guarda do sábado e atividades de jovens muitas vezes é apresentada como tendo grandes implicações teológicas, enquanto a maior parte dos aspectos são principalmente culturais.


A longo prazo o aspecto mais difícil para tratar poderia ser diversidade teológica. Muitas vezes parece que os recém-chegados são mais conservadores na sua teologia e ética do que os membros 'originais'. As discussões honestas e com discernimento conduzidas revelarão que a questão principal está normalmente na seleção do que é considerado 'verdadeiro' adventismo e o que é secundário. Concluí cada vez mais que a linha de divisão na Igreja corre especialmente entre 'moderno' e 'pós-moderno' e que é essencial ajudar as pessoas a entender em que isto implica e a seguir desenvolver modos de tratar com esta diversidade fundamental.


-- Reinder Bruinsma é o ex- presidente da Igreja Adventista nos Países Baixos
18 Mar 2010, Silver Spring, Maryland, United States

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